Paulo Henrique foi preso na última sexta-feira por, em tese, beneficiar organização criminosa
Investigação da Operação Pubblicare revelou que o vínculo entre o vereador por Cuiabá Paulo Henrique (MDB) com integrantes de uma facção teria se iniciado no ano de 2020. Os investigadores concluíram também que ele tinha influência sobre fiscais da Prefeitura de Cuiabá responsáveis por fiscalizar a realização de eventos patrocinados pela organização criminosa.
“Também foi possível identificar inúmeros elementos que configuram a prática da lavagem de dinheiro”
A informação consta na decisão do juiz João Francisco Campos de Almeida, do Núcleo de Inquéritos Policiais de Cuiabá (Nipo), que autorizou a prisão do parlamentar na última sexta-feira (20).
“Valendo ressaltar, que em relação a Paulo Henrique Figueiredo, demostrou que o seu vínculo com os integrantes da facção criminosa e seus negócios, teria se iniciado no ano de 2020 e até o presente ano de 2024, restou demostrado pela análise de seu aparelho telefone apreendido que o vínculo ainda persiste, a ponto de participar e influenciar em um suposto julgamento sofrido por seu assessor e integrante do grupo criminoso Rodrigo Leal”, consta em relatório da investigação.
A Pubblicare foi deflagrada pela Ficco-MT (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado) e investiga um esquema de lavagem de dinheiro da facção através da compra de casas noturnas e realização de shows.
A investigação aponta Paulo Henrique como um dos líderes da “engrenagem criminosa” entre os servidores, sendo o responsável por garantir que os eventos pudessem acontecer sem intercorrência e até mesmo que os eventos concorrentes fossem afetados por fiscalizações.
“Paulo Henrique, por exercer os cargos de vereador e presidente dos agentes de fiscalização e regulação da Secretaria de Ordem Pública e Defesa Civil de Cuiabá (SORP), possui grande influência dentre os fiscais da SORP e até mesmo com autoridades integrantes da referida secretaria municipal, o que lhe permitiu exercer a liderança do esquema criminoso”, diz trecho da investigação.
Dois servidores da área foram alvos de mandado de busca e apreensão. São eles: o fiscal da Secretaria de Ordens Públicas da Capital, José Maria de Assunção, e o ex-diretor de Regulação e Fiscalização da Prefeitura de Cuiabá, Rodrigo Anderson de Arruda Rosa.
A investigação também identificou diversos elementos que comprovariam que o parlamentar realizou a lavagem de dinheiro que recebeu da facção.
“Também foi possível identificar inúmeros elementos que configuram a prática da lavagem de dinheiro, especialmente quando se utiliza de interpostas pessoas (Polyana Alejandra Villalva, José Marcio Ambrosio Vieira e Maria Edinalva Ambrosio Vieira) para receber valores da corrupção e utilização dessas pessoas para ocultar patrimônio, a exemplo de seu veículo Jeep Compass”, diz outro trecho da decisão.
José Ambrosio é motorista particular de Paulo Henrique e Maria Edinalva é sua irma. Ambos também foram alvos de mandados de busca e apreensão na operação.
“Alta gravidade”
No documento, a investigação apontou que o vereador usou de sua influência com a facção para tratar da punição aplicada ao seu assessor, o promoter de eventos Rodrigo Leal.
Ele teria desviado dinheiro pertencente a facção e foi proibido de promover festas em Mato Grosso pelo prazo de dois anos. Leal foi preso na primeira fase da operação, denominada Ragnatella.
“Por fim, identificou-se um fato da mais alta gravidade ocorrido em 15/02/2024, ou seja, ainda neste ano, poucos meses antes da prisão das referidas pessoas, quando foi encontrada ligação em grupo com a liderança do Comando Vermelho, Joadir vulgo Jogador, e uma reunião presencial com o referido criminoso, para tratar de punição aplicada ao seu assessor, Rodrigo Leal, demostrando que possui influência perante a referida facção”, consta no documento.