Santuário da Chapada vai receber primeira elefanta africana

Pupy, que vivia em no Ecoparque de Buenos Aires, vai viajar mais de 2,6 mil km para chegar a Mato Grosso

(Via: MidiaNews)

Pupy será a primeira elefanta africana no Santuário dos Elefantes Brasil | Reprodução SEB

Uma operação meticulosa e cheia de expectativas está sendo realizada para transportar a elefanta Pupy, de 34 anos, da Argentina para o Santuário de Elefantes Brasil (SEB), em Chapada dos Guimarães (67 km de Cuiabá).

A chegada de Pupy, que será a primeira elefanta africana do Santuário – os outros são da espécie asiática -, está prevista para a próxima quarta-feira (26). A expectativa era de que a viagem começasse neste sábado (22), mas tudo depende de sua adaptação com a caixa de transporte que será feita por um caminhão.

O Santuário de Elefantes Brasil é uma organização sem fins lucrativos dedicada ao resgate e reabilitação de elefantes cativos na América Latina. Fundado por Scott Blais, não é um zoológico e não é aberto ao público, garantindo que os elefantes tenham um ambiente livre de interferências humanas desnecessárias.

A jornada de Pupy até um novo lar foi marcada por anos de espera e desafios burocráticos. Em julho de 2020, a transferência foi autorizada com sua companheira Kuky, com quem vivia no Ecoparque de Buenos Aires. No entanto, em outubro de 2024 Kuky acabou falecendo.

Agora após cinco anos, a equipe do Santuário viajou à Argentina para garantir que cada detalhe da transferência seja seguro e confortável. A viagem, que percorrerá mais de 2.690 km, contará com o monitoramento constante de câmeras para garantir que o animal receba a atenção necessária.

Dentro da caixa de transporte, veterinários e cuidadores observarão sinais de cansaço, sede e estresse, ajustando paradas conforme necessário. Alimentos nutritivos, como frutas, vegetais e até Gatorade, fazem parte do plano para garantir seu bem-estar.

A história de Pupy é marcada pela adaptação a ambientes muito diferentes do que a natureza lhe reservou. Nascida no Parque Nacional Kruger, na África do Sul, foi transportada em 1993 para um zoológico na Argentina. Depois, passou a maior parte de sua vida no que ficou conhecido como o Templo Hindu dos Elefantes, dentro do Ecoparque de Buenos Aires.

Durante mais de três décadas, sua vida foi restrita a um ambiente urbano, sem a liberdade dos grandes espaços que os elefantes precisam para prosperar. Com a aproximação da viagem, ela tem passado por um processo de adaptação à caixa de transporte, onde permanecerá durante o percurso até o Brasil.

A trajetória será acompanhada por uma equipe especializada, incluindo cuidadores e veterinários, que monitorarão suas condições em tempo real. A cada parada, serão oferecidos alimentos, água e até fluidos intravenosos, se necessário, para garantir o conforto da elefanta.

Diferente do que alguns possam imaginar, Pupy não será sedada. Estudos mostram que elefantes conscientes e alertas lidam melhor com viagens longas, tornando o processo mais seguro para o animal. Câmeras dentro da caixa de transporte registrarão seus sinais de cansaço ou desconforto, permitindo que a equipe ajuste as paradas conforme necessário.

Pupy se juntará a outras cinco elefantas resgatadas: Bambi, Mara, Raia, Maia e Guilhermina, todas asiáticas. Por ser a primeira elefanta africana do santuário, ela ocupará sozinha o novo habitat. Contudo, a solidão será temporária: em breve, Kenya, outra elefanta africana, também será transferida para o local.

Scott Blais, cofundador do SEB, e a médica veterinária Trish lideram a operação de resgate e celebraram o início da jornada. “Este é um passo histórico para a conservação e bem-estar dos elefantes cativos da América do Sul. Pupy finalmente terá a vida que sempre mereceu”, afirmou Scott em uma publicação nas redes sociais.

Os primeiros dias de Pupy no santuário serão de adaptação. Assim que chegar, ela será mantida em um espaço amplo e seguro, onde poderá explorar o ambiente no seu próprio ritmo. As elefantas do santuário têm liberdade para interagir ou se afastar conforme sua vontade, respeitando seus instintos e desejos.

Depois de uma vida inteira entre grades e concreto, finalmente ela terá a oportunidade de ser o que sempre deveria ter sido: um elefante livre.

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