Mendes diz ter “negociador duro” para vender vagões por R$ 1 bi

Governo do Estado tenta vender modal para Bahia, mas Estado quer pagar apenas R$ 600 milhões

O governador Mauro Mendes (União) afirmou que as negociações para a venda dos 40 vagões do Veiculo Leve sobre Trilhos (VLT) ainda seguem em andamento com o Governo da Bahia. Ele tenta vender por R$ 1,2 bilhão.

“É normal em uma negociação a gente querer mais e o comprador querer pagar menos. E a gente vai negociando”

Em março, o jornal baiano A Tarde publicou que o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), ofereceu R$ 600 milhões pelo valor, abaixo do montante pedido por Mendes.

As negociações entre as gestões tiveram início no ano passado e são intermediadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Questionado como estão as tratativas e qual o valor real que o Governo poderia aceitar, Mendes afirmou que prefere resguardar os detalhes das negociações. 

“O povo gosta de falar muito, eu não gosto. O segredo do sucesso para fazer uma das coisas mais disruptivas do Brasil, não é manter sigilo por que a administração é pública, mas é não falar desnecessariamente antes que as coisas aconteçam”, disse.

“Agora, é normal em uma negociação a gente querer mais e o comprador querer pagar menos. E a gente vai negociando até chegar em um ponto de equilíbrio”, emendou.

Para chegar a um valor razoável, o governador disse que escolheu um dos perfis de negociador mais exigentes da gestão, o secretário de Fazenda, Rogério Gallo.

“Eu designei talvez um dos mais duros negociadores o Governo, que é o Rogério Gallo. Ele está lá negociando. Tem representantes do TCE e outros representantes de Mato Grosso junto com eles e tentando construir [uma negociação]”, disse.

Evitando briga judicial

A negociação para a venda dos trens, segundo Mendes, ocorre para adiantar uma demanda que já está judicializada. O Governo de Mato Grosso processa o Consócio VLT Cuiabá-Várzea Grande por danos morais e materiais por não entregarem a obra do modal.

Para que seja “devolvido” o montante gasto pelo Estado aos cofres públicos, Mendes afirmou que as tratativas para a venda dos vagões é um caminho mais rápido. 

“Nós estamos negociando para preservar os interesses dos mato-grossenses. Ficar demandado na Justiça por 20 ou 30 anos não é interessante para nós, nem para ninguém”, disse.

O entrave

Os trens foram adquiridos em 2013, visando a utilização no VLT que ligaria os municípios de Cuiabá e Várzea Grande, em uma das centenas de obras no país que estavam sendo preparadas para a Copa do Mundo de 2014.

O projeto, entretanto, nunca ficou pronto. O Governo de Mato Grosso desistiu e o substituiu pelo sistema de ônibus BRT (ônibus de trânsito rápido). 

Os vagões do VLT, então, ficaram parados em uma garagem da empresa que seria responsável pela gestão do modal.