O irmão do fazendeiro já havia perdido sua parte durante a ação de reivindicação
Gislaine Morais & Angelica Gomes/VGN
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O inquérito do assassinato do advogado Roberto Zampieri, no dia 05 de dezembro de 2023, em Cuiabá, foi concluído nesta terça-feira (09.07), e o fazendeiro e veterinário Aníbal Manoel Laurindo, 66 anos, foi indiciado pelo crime de homicídio qualificado “pela paga ou promessa de recompensa”, quando a morte é encomendada, e pela “traição de emboscada”, quando a vítima tem sua defesa dificultada.
Conforme o delegado da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Nilson Farias, Aníbal mandou matar o advogado Zampieri devido ao um processo civil de uma disputa de terra no município de Paranatinga, a 254 km de Cuiabá, avaliada em aproximadamente R$ 100 milhões, onde o irmão do fazendeiro já havia perdido sua parte na primeira ação que buscava reivindicar essa terra, e na hora de executar a sentença, passou a executar a fazenda de Aníbal, como se fossem fazendas contíguas (muito próximas).
Farias explicou as datas do processo civil são coincidentes com o assassinato do advogado. Ainda segundo o delegado, após a prisão em janeiro do coronel do Exército Brasileiro Etevaldo Luiz Cacadini de Vargas, mesmo ele falando que não conhecia ninguém em Cuiabá, foi encontrado no celular do coronel imagens desse processo, dessa disputa específica.
“Quando Zampieri entra na ação civil com um pedido de produção de provas, nesse mesmo dia começam a tirar fotos de seu escritório. Então tem N situações, fora ligação e tudo mais”, enfatizou Nilson.
O delegado também citou um áudio acrescentado no inquérito, onde uma pessoa com suposto sotaque italiano, fala: “esse aí tem que ser rápido, porque ele já pegou a do meu irmão e agora quer pegar a minha”. Segundo Farias, na época eles nem tinha a figura de Aníbal.
O delegado explicou que depois tudo veio a se encaixar e, na verdade, se trata de sotaque sulista, que é do fazendeiro Aníbal. Ainda foi constatado um boletim de ocorrência em 2021, onde são utilizados os dois números de telefone do fazendeiro.
Em relação à esposa de Aníbal, Nilson disse que ela não foi indiciada porque não teve elementos, apenas a transferência bancária em seu nome, sem problemas por ser a esposa de Aníbal. Farias citou que a questão do vazamento da operação, na época, prejudicou um pouco a investigação.
Sobre a defesa feita na época pelo advogado Roberto Zampieri, o delegado disse que Zampieri defendia uma pessoa identificada apenas como Jesse, que também queria a terra.
Indagado sobre o encontro entre o mandante e o pistoleiro, Farias disse que nesse ponto entra a questão dos protestos bolsonaristas, uma vez que o coronel Cacadini era do mesmo pensamento ideológico que Aníbal, e tinham proximidade ideológica. O coronel então viaja para Minas Gerais e faz o contato com os executores.
Prisão de mandante e morte de advogado
O fazendeiro e veterinário Aníbal Manoel Laurindo, chegou a ser preso em março de ano, mas foi liberado e está sendo monitorado por tornozeleira eletrônica.
Roberto Zampieri, de 56 anos, foi assassinado em frente ao seu escritório, no bairro Bosque da Saúde, enquanto estava em sua picape Fiat Toro, sendo alvejado várias vezes pelo executor. Três indivíduos estão detidos, acusados pelo assassinato do advogado: o executor, o intermediário e o financiador do crime.
(Via: MidiaNews)