Câmara de Cuiabá vota nesta terça cassação do vereador Chico 2000, alvo da Operação Perfídia

Investigado por suposto esquema de propina, parlamentar foi afastado do cargo; votação pode selar perda de mandato

Chico Ferreira

A Câmara Municipal de Cuiabá deve votar nesta terça-feira (13) o pedido de cassação do mandato do vereador afastado Francisco Carlos Amorim Silveira, conhecido como Chico 2000 (PL). O parlamentar foi um dos alvos da Operação Perfídia, deflagrada pela Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor) da Polícia Civil, que investiga um suposto esquema de propina envolvendo votações no Legislativo.

Além de Chico 2000, o vereador Sargento Joelson (PSB) também foi alvo da operação. De acordo com as investigações, os dois teriam cobrado cerca de R$ 250 mil para aprovar uma mensagem enviada pela Prefeitura de Cuiabá à Câmara, que beneficiaria a empresa HB20 Construções — responsável pela obra do Contorno Leste, uma das principais vias em construção na capital.

O pedido de cassação foi protocolado poucas horas após a operação pelo advogado e ex-juiz federal Julier Sebastião, que classificou a conduta de Chico como “uma afronta ao decoro parlamentar” e destacou o impacto negativo causado à imagem da Casa Legislativa.

“O escândalo de corrupção supostamente praticado pelo ex-presidente da Casa fere gravemente o decoro parlamentar, sendo necessária a sua cassação para preservar a honestidade e a transparência no Legislativo cuiabano”, afirma o documento.

Julier, que é uma das lideranças do PT em Cuiabá, também destacou a proximidade política de Chico 2000 com o ex-prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), apontando a nomeação de aliados do ex-gestor para cargos estratégicos na Câmara durante sua presidência.

O pedido está sob análise da Procuradoria da Câmara e, após parecer, será levado ao plenário para votação. A decisão final cabe aos parlamentares, que podem ou não seguir a recomendação da Procuradoria.

Nos bastidores, no entanto, a tendência é que o pedido não seja aprovado. Alguns vereadores questionam o fato de que apenas Chico 2000 enfrenta o processo, enquanto as investigações apontam que o Sargento Joelson seria o líder do esquema.

A votação será realizada durante a sessão ordinária desta terça-feira (13), e exige maioria qualificada para cassar o mandato — ou seja, ao menos dois terços dos votos dos vereadores.